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Psicóloga, mestre e doutora em Ciências Médicas pela UNICAMP. Pró-reitora Acadêmica da Universidade Anhembi Morumbi. Pesquisadora PQ CNPq e FAPESP. Meu curriculo Lattes.

terça-feira, 30 de março de 2010

ENADE: a que se propõe avaliar e o que de fato avalia

O Exame Nacional de Cursos (ENADE) foi proposto para preencher as lacunas deixadas por uma avaliação que perdurou no ensino superior de 1995 até 2003. Alvo de muitas críticas por parte dos acadêmicos e das IES, o Provão sobreviveu por oito anos com a marca de ser um instrumento de avaliação de extrema simplicidade e incapaz de retratar o que de fato era feito na formação de estudantes do ensino superior.


Sua substituição em 2004 deu-se não apenas por outro instrumento de avaliação do desempenho dos alunos, mas por um sistema de avaliação, o SINAES, que pela sua amplidão deveria ser capaz de corrigir os equívocos gerados pela utilização do Provão. Seria trienal e o desempenho dos alunos apenas representaria uma parte da avaliação. Mas o que de fato mudou desde 2004?

É possível dizer-se que pouco ou quase nada mudou desde a implantação do ENADE. Parece que a questão foi apenas semântica e política. Com têm sido aproveitados os resultados do ENADE? Como esses resultados têm auxiliado as IES a melhorar a qualidade de formação de seus estudantes? Como os resultados são “lidos” pela sociedade?

O que se apura ao final de cada avaliação é que a cada ano que se passa continua-se observando um resultado isolado do desempenho dos alunos. A avaliação conjunta alunos-curso-instituição não se materializou. E por esse motivo aumenta o número de ações que visam apenas permitir que os alunos sejam bem sucedidos no exame. Criam-se cursos e cursos para que esse bom desempenho seja garantido e dessa forma não apenas os currículos abrem espaços para aulas de reforço, como forma-se uma indústria paralela de preparo de estudantes para ingresso na profissão. Exemplo disso são os cursos de preparo para o exame de residência médica e de ordem dos advogados. Cobram caro e funcionam à margem das IES, mas se constituem cada dia mais num mal necessário.

A que de fato deve servir uma avaliação? Muito e mais a uma possibilidade de correção de rumos, de reavaliação e revisão de estratégias do que transformar-se num ranking, cujos primeiros lugares já são conhecidos antes que ele se concretize. O que de fato significa dizer que um determinado curso teve nota 3? Significa que o desempenho do curso é regular? Que seus alunos têm potencial médio de ter sucesso profissional? Que a instituição cumpre de forma mediana o seu papel de formação?Notas e conceitos

Infelizmente tanto o Provão quanto o ENADE trazem para as IES mais dúvidas do que certezas. Como de fato medir o trabalho realizado em cada curso? Como separar a influência que o background de cada aluno tem sobre a formação oferecida? Como ter clareza do quanto a formação oferecida melhora a capacidade do aluno que ingressa no ensino superior com falhas oriundas de uma formação educacional básica deficiente? Como impedir que resultados tão importantes inviabilizem o trabalho sério de muitas equipes acadêmicas?

É urgente e necessário que todo o processo de formação dos alunos seja considerado. Que as IES tenham condições de redirecionar as propostas pedagógicas em benefício de uma formação que garanta condições de sucesso a seus alunos, pessoal e profissionalmente. Que cada curso avaliado conheça de verdade o que deve fazer em prol da qualidade de ensino. Essa foi a promessa feita na implantação do SINAES. Pena que não passou de uma promessa...

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